sexta-feira, 22 de julho de 2011

Enquanto o Monotrilho do Morumbi causa polêmica, o da Zona Leste valoriza os bairros

Quando se fala em Monotrilho, logo alguns (muitos) urbanistas levantam a questão do poluição visual em que este tipo de modal pode trazer. Com esse visual, nós paulistas de pronto lembramos do minhocão, e quão degradado é a Avenida São João, já que esta via abriga o elevado que só transporta os barulhentos e fedorentos carros. 


Mas, segundo a reportagem do Estadão, não é isso que está acontecendo, ou pelo menos o que vai acontecer com os bairros que estão recebendo os novos monotrilhos: Em construção entre a Vila Prudente e Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, deve fazer que imóveis no entorno das futuras estações se valorizem, exatamente o contrário do esperado para construções vizinhas ao metrô leve que vai cruzar parte do Morumbi, na zona oeste. 


Comerciantes do trecho de 2,9 km da Avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello, que desde 2009 passa por obras de construção do ramal, 58 pilares de concreto já foram erguidos, esperam incrementar o movimento. “É positivo para a região, que está se valorizando”, diz Paulo Silas Pedroso, de 60 anos, dono de uma loja de brinquedos na via.
Para Pompeia, da Embraesp, como a área é carente de transporte coletivo de qualidade, a inauguração da linha deve fazer o preço de imóveis a até 1 km das estações crescer de 20% a 30%. “É uma obra muito importante. Só lamento que seja monotrilho, que leva menos gente. Deveria ser metrô.”


A reportagem do Estadão constatou que imobiliárias já usam a linha para atrair compradores para grandes prédios residenciais que estão sendo inaugurados no entorno da futura Estação Oratório. A dona de casa Sofia Lopes, de 36 anos, mora perto dali e vê boas perspectivas. “Vou poder usar menos o carro para ir ao centro.”


Segundo o Metrô, o trecho inicial terá duas estações (Vila Prudente e Oratório) e estará pronto em 2013. No entanto, a linha só ficará completa, com 24,5 km e 17 estações, em 2016. Há dois anos, o prazo para a conclusão dela era 2012, mas a primeira licitação fracassou, afetando a entrega.
Quando a linha de R$ 4,6 bilhões chegar a Cidade Tiradentes, transportará 500 mil pessoas por dia útil em 54 trens para até mil passageiros cada um, metade de uma composição de metrô.


Mas no Morumbi...


No caso da Linha 17-Ouro do Metrô, um monotrilho que ligará a partir de 2015 as estações Jabaquara, na Linha 1-Azul, e São Paulo-Morumbi, na 4-Amarela, a desvalorização pode ocorrer devido à estrutura elevada por onde passarão as composições. “Vai criar uma cicatriz no Morumbi, com impacto negativo na maioria dos imóveis próximos. É uma área residencial de alto padrão. Geralmente, quem vive lá não usa transporte público”, diz o diretor da Embraesp, Luiz Paulo Pompeia.


Morador da região há 12 anos – e com planos de se mudar –, o presidente da Sociedade dos Amigos da Vila Inah (Saviah), Sílvio Teixeira Junior, de 53 anos, afirma que o preço de sua residência caiu bastante apenas com o anúncio da construção da linha. “Minha casa, de R$ 1,8 milhão, eu não consigo vender por R$ 700 mil.” A associação que preside tentou barrar a construção da via com uma liminar, que foi derrubada na Justiça no início deste mês. Ele diz que imobiliárias têm se recusado a tentar vender imóveis que estejam no entorno de onde o elevado deverá passar.


Renato Lobo é Técnico em Transporte Sobre Pneus e Transito Urbano.

6 comentários:

  1. Perfeita essa postagem, enquanto que para uns é bom o monotrilho e para outros, ruim sendo o mesmo modal de transporte??!!!

    Isso mostra o quanto a nossa sociedade age por conta de interesses proprios.

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  2. Hehehe, é pra rir mesmo. Os moradores de alto padrão do Morumbi, que com certeza pegam metrô em Paris e em NY ficam tristes com a disponibilidade de transporte público perto de casa. Que coisa, não?

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  3. Um proprietário de imóvel no Morumbi me disse "estação Morumbi da Metro 4 já resolve". Não deve ser no alto da Giovanni Gronchi nem perto do Hospital Einstein... Porque o trânsito é ifernal há anos, por exemplo, nestes locais.

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  4. A população da zona leste não aceita o monotrilho , foi imposição do Governo do Estado e Prefeitura, o moderador do blog deveria acompanhar as discussões sobre o assunto na zona leste, ao invés de postar fatos que não tem consenso na região.
    Francisco Rodrigues - francisco.ecoleste@hotmail.com

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  5. O mOnotrilho com suas pilastras causa impacto visual no morumbi, enquanto para a zona leste, valoriza os ímoveis, é muito estranho essa inversão de valores, as pilastras são as mesmas e o valorização é diferente de uma região para outra.
    Francisco Rodrigues - francisco.ecoleste@hotmail.com

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  6. Vejam como é a região por onde vai passar o monotrilho: na Zona Leste há um enorme espaço entre a Anhaia Mello e as ruas próximas; já na Zona Sul ele passará perto de prédios, o que vai "enfeiar" bastante a região em que se encontra.

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